quarta-feira, 31 de agosto de 2016

O gato que se apaixonou por um coco


E mais uma vez, naquele dia, eu passava por uma das janelas de minha casa e o via olhando para o alto do coqueiro, imóvel, fixo. Sequer o farfalhar da sacola que minha mãe tirava a carne para cortar na pia da cozinha tirava sua atenção.

Já passava das 11h e ele ainda estava lá. O que ele tanto olhava?

Quando chegou às 14h eu não tive mais dúvidas: ele estava apaixonado por um dos cocos.
As folhas balançavam demais para ele se manter naquela mesma posição por tanto tempo, elas é que não poderiam ser.
Mas o que será que teria chamado a atenção de um gato em um coco? Sua forma ou sua cor? Será que o gato sentia a preciosidade que havia dentro daquele recipiente verde que se mantinha no alto daquele coqueiro? Sabia que ele muitas vezes havia me ajudado a superar aquela infecção proveniente de qualquer besteira que eu tenha comido na rua?

Não tinha como saber.

Foi quando ele se moveu, já passava das 15h. Foi tudo tão rápido e surpreendente. Em menos de três segundos ele subiu no coqueiro e desceu.
Descobri, então, que ele não estava apaixonado pelos cocos, mas sim por uma pobre lagartixa, com a qual agora ele brincava, a jogando para cima, como se fosse um prêmio por tantas horas parado olhando para ela.

Era o prêmio pela paciência.